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Sua Sinusite Não Melhora? A Causa Pode Estar no Seu Sorriso.

  • Foto do escritor: Bruno Rossini
    Bruno Rossini
  • 21 de ago.
  • 6 min de leitura

Há jornadas de saúde que se assemelham a labirintos. Uma delas, que frequentemente recebo em meu consultório, é a daquela sinusite persistente, que resiste a tratamentos convencionais, manifesta-se teimosamente de um só lado do rosto e mina, dia após dia, a qualidade de vida. O paciente relata ciclos de antibióticos, anti-inflamatórios e sprays nasais, com alívio apenas temporário, seguido pelo retorno inevitável do desconforto.

Essa narrativa de frustração nos convida, como médicos e pacientes, a expandir nosso campo de investigação. É preciso compreender que o nosso corpo é um sistema integrado, onde a saúde de uma estrutura está intimamente ligada à de suas vizinhas. No caso das infecções nasais recorrentes, a resposta pode não estar no nariz, mas a poucos milímetros de distância: na saúde dos seus dentes.

Hoje, convido você a desvendar um diagnóstico muitas vezes subestimado, mas surpreendentemente comum: a sinusite odontogênica. Trata-se de uma inflamação dos seios paranasais, especificamente do seio maxilar, cuja origem não é uma gripe ou alergia, mas sim uma complicação vinda de um elemento dentário. Um elo direto entre a otorrinolaringologia e a odontologia.

Para compreender essa conexão, é preciso uma breve imersão na fascinante arquitetura do nosso rosto. Os seios maxilares são cavidades preenchidas por ar, localizadas nas maçãs do rosto, logo acima da arcada dentária superior. As raízes dos dentes pré-molares e molares superiores estão separadas do assoalho desses seios por uma camada óssea, por vezes, extremamente delgada.

Imagine essa fina barreira óssea como a parede que separa dois apartamentos vizinhos. Quando um problema surge em um dos lados – no caso, uma infecção na raiz de um dente –, essa parede pode ser comprometida, permitindo que o processo infeccioso "invada" o apartamento vizinho, que é o seio maxilar, desencadeando a inflamação.

As causas dentárias mais comuns para essa invasão bacteriana são variadas. Uma cárie profunda que evolui para um abscesso na ponta da raiz do dente é uma das principais vilãs. Essa bolsa de infecção, ao crescer, pode corroer o osso e estabelecer uma comunicação direta com a cavidade sinusal, contaminando-a.

Além das infecções endodônticas, complicações de procedimentos dentários, conhecidas como causas iatrogênicas, também figuram como um fator importante. A extração de um dente superior, um tratamento de canal ou a instalação de um implante podem, acidentalmente, perfurar o assoalho do seio maxilar, criando um portal para a entrada de bactérias.

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Outras condições, como a doença periodontal avançada, que afeta os tecidos de sustentação dos dentes, ou a presença de cistos dentários, também podem erodir a barreira óssea e dar início ao quadro de rinossinusite, perpetuando o ciclo de inflamação e desconforto que tanto aflige o paciente.

Os sintomas da sinusite odontogênica frequentemente nos dão pistas valiosas, que a diferenciam de outras formas de infecção nasal. O caráter unilateral, ou seja, a dor, pressão e congestão concentradas em apenas um lado da face, é um dos sinais mais clássicos e deve sempre levantar suspeitas.

Outro sintoma distintivo é a presença de uma secreção nasal de odor fétido ou um gosto ruim na boca, conhecido tecnicamente como cacosmia. Esse sinal é um forte indicativo de que a infecção é causada por bactérias anaeróbicas, comuns em problemas dentários, e não por vírus ou alérgenos.

Claro, outros sintomas mais gerais de sinusite também podem estar presentes, como dor de cabeça que piora ao inclinar o rosto para frente, sensação de peso na face, tosse decorrente do gotejamento pós-nasal e, por vezes, uma dor localizada no dente causador, embora este possa estar surpreendentemente silencioso.

O diagnóstico preciso é o passo mais crucial e, muitas vezes, o mais desafiador. Exige uma colaboração íntima entre o otorrinolaringologista e o cirurgião-dentista. A jornada começa com uma escuta atenta da sua história clínica, compreendendo a cronologia dos seus sintomas e os tratamentos já realizados.

O exame físico em consultório, por meio de uma endoscopia nasal, permite-nos visualizar diretamente o interior do nariz, a drenagem de secreções e a saúde da mucosa. Contudo, para confirmar a origem dentária, os exames de imagem são indispensáveis e de valor inestimável.

A tomografia computadorizada, é o padrão-ouro para o diagnóstico. Este exame nos oferece uma visão tridimensional detalhada, mostrando com clareza não apenas o seio maxilar velado pela inflamação, mas também a raiz do dente suspeito e sua exata relação com o assoalho sinusal.

Uma vez confirmado o diagnóstico, a filosofia de tratamento é clara e inegociável: é imperativo tratar simultaneamente a causa (o problema dentário) e a consequência (a sinusite). Tratar apenas a infecção nasal com antibióticos sem resolver a fonte dentária levará, invariavelmente, à recorrência do quadro.

O tratamento, portanto, é uma força-tarefa multidisciplinar. O cirurgião-dentista, endodontista ou cirurgião bucomaxilofacial irá abordar o dente problemático, seja por meio de um tratamento de canal, da remoção do foco infeccioso ou, em alguns casos, da extração do elemento dentário.

Nesse cenário complexo, um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado são cruciais. Na Clínica Oto One, compreendemos que cada paciente é único. Por isso, nosso atendimento é pautado pela excelência, mas também pelo acolhimento, de forma humanizada e personalizada, garantindo que você se sinta seguro e compreendido em cada etapa da sua jornada, seja em consultas presenciais ou on-line.

Enquanto isso, como otorrinolaringologista, meu papel é gerenciar a saúde do seio maxilar. Isso pode envolver um tratamento clínico com medicamentos para controlar a infecção e a inflamação ou, em casos mais crônicos, uma cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS), um procedimento minimamente invasivo para remover a secreção, limpar o seio e restaurar sua ventilação natural.

Ignorar os sinais de uma sinusite persistente, especialmente quando unilateral e acompanhada de um odor desagradável, é prolongar um ciclo de desconforto que tem solução. A saúde do seu nariz e do seu sorriso estão mais conectadas do que você imagina, e reconhecer essa ligação é o primeiro passo para a cura.

Entender a possibilidade de uma causa odontogênica para a sua rinossinusite crônica não deve ser motivo de alarme, mas de empoderamento. É a informação que permite direcionar a investigação para o caminho certo, pondo fim a anos de tratamentos ineficazes e frustração.

Se você se identifica com este quadro, se a sua qualidade de vida tem sido impactada por uma infecção nasal que parece não ter fim, não adie mais a busca por uma solução definitiva. Agende uma consulta para que possamos investigar a fundo a causa do seu desconforto e traçar, juntos, o melhor caminho para restaurar sua saúde e seu bem-estar.


Perguntas e Respostas Frequentes:


1. Toda dor de dente pode causar sinusite? Não. Apenas infecções nos dentes superiores (pré-molares e molares), cujas raízes estão próximas ao seio maxilar, podem levar à sinusite odontogênica.

2. Se eu tratar o canal do dente, a sinusite se resolve sozinha? Em casos iniciais, tratar o dente pode ser suficiente. No entanto, em infecções crônicas, a sinusite pode se autoperpetuar, sendo necessário também o tratamento com o otorrinolaringologista, com medicamentos ou cirurgia.

3. O uso de antibióticos para a sinusite pode mascarar o problema dentário? Sim. Os antibióticos podem controlar temporariamente a infecção no seio maxilar, dando uma falsa sensação de melhora. Como a fonte no dente não foi tratada, a sinusite retorna assim que o medicamento é suspenso.

4. A sinusite odontogênica é perigosa? Como qualquer infecção, se não tratada, pode levar a complicações, embora raras, como a disseminação da infecção para a órbita ocular ou outras áreas. O maior impacto costuma ser na qualidade de vida.

5. Qual médico devo procurar primeiro: o dentista ou o otorrino? Se seus sintomas são predominantemente nasais (congestão, secreção, dor facial), o otorrinolaringologista é o profissional ideal para iniciar a investigação. Ele saberá identificar os sinais e solicitar os exames corretos, trabalhando em conjunto com um dentista.

6. A cirurgia para sinusite odontogênica deixa cicatrizes? Não. A cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS) é realizada inteiramente por dentro do nariz, com o auxílio de vídeo e fibras ópticas, sem a necessidade de cortes externos ou cicatrizes no rosto.

7. Meu dentista não viu nada no raio-x panorâmico. Isso descarta a causa dentária? Não necessariamente. O raio-x panorâmico pode não ter a precisão necessária para visualizar pequenas infecções na ponta da raiz ou a relação exata com o seio maxilar. A Tomografia Computadorizada é muito mais sensível e específica para isso.

8. Além de infecção, um implante dentário pode causar sinusite? Sim. Se durante a instalação de um implante na arcada superior o assoalho do seio maxilar for perfurado, ou se o próprio implante se projetar para dentro do seio, pode ocorrer uma inflamação crônica, resultando em sinusite.

9. O mau hálito pode ser um sintoma de sinusite odontogênica? Sim. O odor fétido característico da secreção nasal (cacosmia) pode ser percebido pelo paciente e, em alguns casos, pode contribuir para a halitose (mau hálito).

10. O tratamento é demorado? O tempo de tratamento varia. A resolução do problema dentário pode ser rápida (extração) ou exigir algumas sessões (tratamento de canal). A recuperação da cirurgia sinusal, se necessária, costuma ser tranquila, com retorno às atividades em poucos dias. O mais importante é o diagnóstico correto para evitar a perda de tempo com tratamentos ineficazes.




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Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)

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