top of page

Otorrinolaringologia e Geriatria: A Conexão Essencial para um Envelhecimento Pleno e com Qualidade de Vida

  • Foto do escritor: Bruno Rossini
    Bruno Rossini
  • 22 de jul.
  • 6 min de leitura

Envelhecer é um privilégio, uma jornada natural que nos enriquece com experiências e sabedoria. Contudo, para que esta fase da vida seja vivida em sua plenitude, com autonomia e bem-estar, é fundamental um olhar atento e especializado para a saúde. Como médico otorrinolaringologista com duas décadas de prática clínica, tenho observado cada vez mais a profunda e, por vezes, silenciosa conexão entre a minha especialidade e a geriatria.

Muitos dos desafios de saúde que surgem com o avançar da idade manifestam seus primeiros sinais no nariz, no ouvido ou na garganta. Sintomas frequentemente normalizados como "coisas da idade" podem, na verdade, ser indicadores de condições tratáveis que, se negligenciadas, impactam drasticamente a qualidade de vida, a segurança e até mesmo a saúde cognitiva do paciente idoso.

O nosso corpo, em seu complexo funcionamento, não envelhece em compartimentos isolados. As alterações fisiológicas do envelhecimento afetam todos os sistemas, e as estruturas da cabeça e do pescoço são particularmente sensíveis. Compreender essa intersecção é o primeiro passo para uma abordagem proativa e verdadeiramente integral da saúde na maturidade.

Este artigo é um convite para explorarmos juntos essa fascinante área de confluência. O objetivo é lançar luz sobre as principais condições otorrinolaringológicas que afetam a população sênior e demonstrar como um diagnóstico preciso e um tratamento adequado podem ser decisivos para um envelhecimento mais saudável e feliz.

A Audição e sua Profunda Ligação com a Mente: Presbiacusia e Demência

Talvez a mais significativa dessas conexões seja a que existe entre a audição e a saúde cerebral. A perda auditiva relacionada à idade, tecnicamente chamada de presbiacusia, é extremamente comum, mas seus efeitos vão muito além da dificuldade de comunicação. Ela é um fator de risco independente e modificável para o declínio cognitivo e a demência.

Quando o cérebro deixa de receber os estímulos sonoros adequados, ele passa por um processo de reorganização e esforço contínuo para decodificar sons parciais. Essa "carga cognitiva" excessiva desvia recursos que seriam utilizados em outras funções, como memória e raciocínio. A longo prazo, isso pode acelerar o envelhecimento cerebral.

Além do aspecto fisiológico, o isolamento social imposto pela dificuldade de ouvir é devastador. O idoso que não compreende conversas em família, que se sente constrangido em eventos sociais ou que simplesmente deixa de atender ao telefone, tende a se afastar. Essa ausência de interação é um gatilho conhecido para a depressão e o declínio cognitivo.

ree

Portanto, tratar a perda auditiva não é apenas sobre "ouvir melhor", mas sobre manter o cérebro ativo, a mente engajada e os laços sociais fortalecidos. O diagnóstico precoce e a reabilitação auditiva com as tecnologias modernas são ferramentas poderosas na promoção da saúde cerebral.

O Sono que Repara: Apneia Obstrutiva do Sono no Idoso

Outro pilar da saúde que frequentemente se desestabiliza com a idade é o sono. O ronco alto, interrompido por pausas respiratórias, é o principal sinal da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). No paciente idoso, a SAOS representa um risco ainda mais acentuado.

Cada pausa respiratória provoca uma queda na oxigenação do sangue e um microdespertar, impedindo que o sono atinja suas fases mais profundas e reparadoras. Essa instabilidade noturna sobrecarrega o sistema cardiovascular, aumentando o risco de hipertensão arterial, arritmias, infarto e AVC.

Adicionalmente, a fragmentação do sono e a hipóxia intermitente têm um impacto direto na cognição, podendo agravar quadros de demência ou manifestar-se como sonolência diurna excessiva, déficits de atenção e perda de memória, muitas vezes confundidos com o próprio processo de envelhecimento.

O Prazer e a Segurança ao Engolir: A Disfagia

A dificuldade para engolir, ou disfagia, é uma condição séria e que exige atenção imediata no público sênior. Ela pode ser causada por alterações neurológicas, como um AVC, ou pelo enfraquecimento natural da musculatura da faringe.

O principal risco associado à disfagia é a broncoaspiração, que ocorre quando alimento ou saliva entram na via respiratória em vez de seguir para o esôfago. Este evento pode levar a pneumonias de repetição, uma das principais causas de hospitalização e mortalidade em idosos.

Além do risco de pneumonia, a dificuldade para se alimentar gera medo, leva ao emagrecimento, à desnutrição e à desidratação, criando um ciclo vicioso de fragilidade. Uma avaliação otorrinolaringológica detalhada é crucial para identificar a causa e orientar o tratamento.

A Voz que nos Conecta: A Rouquidão não é Normal

A voz também passa por modificações com o tempo, um processo conhecido como presbifonia. Contudo, uma rouquidão persistente nunca deve ser considerada normal. Ela pode ser o sintoma de diversas condições, desde o refluxo laringofaríngeo até lesões benignas ou, em casos mais graves, malignas nas pregas vocais. Uma voz fraca e soprosa dificulta a comunicação e pode ser um sinal de alerta que merece investigação aprofundada.

O Equilíbrio que nos dá Liberdade: Doenças Vestibulares

A tontura e a vertigem estão entre as queixas mais comuns nos consultórios geriátricos e otorrinolaringológicos. O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é o nosso principal órgão do equilíbrio. Com o envelhecimento, ele pode se tornar mais suscetível a disfunções.

A "tontura dos cristais" (Vertigem Posicional Paroxística Benigna - VPPB) é um exemplo prevalente e com tratamento eficaz. Independentemente da causa, o desequilíbrio no idoso é um fator de risco altíssimo para quedas, que podem resultar em fraturas graves, perda de independência e um declínio abrupto na saúde geral.

Em nossa prática na Clínica Oto One, compreendemos que cada paciente é único, com sua história de vida e suas necessidades específicas. Por isso, nosso trabalho é pautado em um atendimento humanizado, onde a excelência técnica caminha lado a lado com o acolhimento e a escuta atenta. Oferecemos um cuidado personalizado, dedicando o tempo necessário para entender o paciente em sua totalidade, seja em consultas presenciais em nosso espaço em São Paulo ou por meio da telemedicina, encurtando distâncias.

A mensagem central é de esperança e proatividade. A ciência e a medicina nos oferecem hoje um arsenal diagnóstico e terapêutico capaz de mitigar muitos dos desafios do envelhecimento. Cuidar da audição, da respiração, da deglutição, da voz e do equilíbrio é investir diretamente na longevidade com autonomia.

Não permita que um familiar querido ou você mesmo aceite conviver com limitações que podem ser tratadas. A perda de função não é um destino inevitável, mas um sinal de que o corpo precisa de um cuidado especializado e direcionado.

O papel do otorrinolaringologista com foco em geriatria é justamente ser este parceiro, integrando o conhecimento específico de sua área à visão global da saúde do idoso. Se você ou alguém que ama apresenta algum dos sintomas que discutimos, saiba que existe um caminho. O primeiro passo é buscar uma avaliação.


Perguntas e Respostas Frequentes:


1. A partir de que idade devo realizar uma avaliação auditiva de rotina? Dr. Bruno Rossini: Recomenda-se uma audiometria de base a partir dos 50 anos, ou antes, caso haja queixas ou histórico familiar. Após os 60 anos, a avaliação anual é uma excelente prática de cuidado preventivo com a saúde auditiva e cognitiva.

2. O uso de aparelho auditivo pode realmente ajudar a prevenir o declínio cognitivo?  Sim. Estudos robustos, como os publicados na revista The Lancet, demonstram que a reabilitação auditiva em pacientes com perda de audição pode reduzir o risco de demência ao restaurar os estímulos cerebrais e combater o isolamento social.

3. Todo ronco em um idoso significa apneia do sono? Dr. Bruno Rossini: Não necessariamente, mas é um sinal de alerta importante. O ronco indica alguma dificuldade na passagem do ar. Apenas um exame específico, como a polissonografia, pode confirmar se há pausas respiratórias (apneia) associadas, que são o fator de risco real para a saúde.

4. Meu pai engasga com frequência. O que devo fazer? Dr. Bruno Rossini: Engasgos frequentes não são normais e exigem avaliação imediata por um otorrinolaringologista. É fundamental investigar a causa da disfagia para evitar complicações graves como a pneumonia aspirativa e a desnutrição.

5. É verdade que a "tontura dos cristais" (VPPB) tem tratamento rápido? Dr. Bruno Rossini: Sim. A VPPB é causada pelo deslocamento de pequenos cristais de cálcio no ouvido interno. O tratamento consiste em manobras de reposicionamento, realizadas no próprio consultório, que costumam resolver o quadro de vertigem de forma rápida e eficaz na maioria dos casos.

6. A voz inevitavelmente fica mais fraca com a idade? Dr. Bruno Rossini: Existe um processo natural de envelhecimento da voz (presbifonia), mas uma rouquidão ou fraqueza persistente deve ser investigada. Muitas causas são tratáveis, e a fonoterapia pode trazer excelentes resultados para fortalecer a voz.

7. Apneia do sono tem tratamento para pacientes idosos? Dr. Bruno Rossini: Sim. O tratamento mais comum e eficaz é o uso do CPAP, um aparelho que envia um fluxo de ar contínuo para manter a via aérea aberta durante o sono. Existem também outras opções, como aparelhos intraorais e terapias fonoaudiológicas, que são avaliadas caso a caso.

8. Qual a relação do refluxo com a tosse crônica e pigarro no idoso? Dr. Bruno Rossini: É uma relação muito comum. O refluxo laringofaríngeo, quando o conteúdo do estômago atinge a garganta, pode causar uma inflamação crônica, resultando em tosse persistente, pigarro e rouquidão, sintomas que frequentemente se intensificam no paciente idoso.

9. Zumbido no ouvido tem tratamento ou é preciso "aprender a conviver"?  Essa ideia de "aprender a conviver" está ultrapassada. Embora a cura definitiva seja rara, existem diversas terapias modernas que trazem um controle excelente e alívio significativo do zumbido, melhorando muito a qualidade de vida do paciente. O primeiro passo é sempre investigar a causa.

10. Como posso agendar uma avaliação na Clínica Oto One?  O agendamento é simples e pode ser feito diretamente por telefone ou WhatsApp. Nossa equipe está pronta para encontrar o melhor horário para uma consulta, seja ela presencial em São Paulo ou online, para sua maior comodidade.

ree

Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)

Fone e WhatsApp: (11) 91013-5122 | (11) 99949-7016

Clinica Oto One - São Paulo

Instagram: @brunorossini.otorrino





Comments


Horário de funcionamento

Segunda-feira à sexta-feira: 9:00 às 19:00

Contato

Endereço: Avenida Cidade Jardim, 318, Jardim Paulistano, São Paulo - Piso Mezanino
Fone: (11) 91013-5122 | (11) 9
9949-7016
Email: 
clinicaotovita@gmail.com

Instagram: @brunorossini.otorrino

bottom of page