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A Conexão Inesperada: Como os Novos Medicamentos para Emagrecimento (Mounjaro/Wegovy/ Ozempic) Podem Afetar seu Hálito

  • Foto do escritor: Bruno Rossini
    Bruno Rossini
  • 8 de jul.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.


A medicina moderna nos presenteou com avanços notáveis, e poucos foram tão impactantes quanto os novos medicamentos para o controle de peso, como Wegovy e Mounjaro. Para muitos, representam uma jornada transformadora em direção a uma saúde melhor e a uma nova relação com o próprio corpo.

No entanto, em meio aos resultados celebrados, um efeito colateral inesperado e socialmente delicado tem emergido em nossos consultórios: o surgimento ou a piora do mau hálito, uma condição tecnicamente conhecida como halitose.

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Este sintoma, muitas vezes atribuído erroneamente a uma falha na higiene bucal, pode, na verdade, ser um sinalizador de um processo fisiológico complexo, iniciado por estas novas e eficazes terapias. Mas qual é, exatamente, a conexão entre uma medicação para perda de peso e um hálito desagradável?

A resposta reside em uma cadeia de eventos que começa no estômago e termina na boca. O objetivo deste artigo é desvendar essa relação, explicando, de forma clara e com base científica, por que isso acontece e, mais importante, quais são os caminhos para gerenciar este sintoma sem abandonar os benefícios do seu tratamento principal.

O mecanismo de ação de medicamentos como Wegovy e Mounjaro, agonistas do receptor GLP-1, envolve, entre outros efeitos, um retardo no esvaziamento gástrico. Em termos simples, o estômago leva mais tempo para processar os alimentos e transferi-los para o intestino.

Este retardo, embora benéfico para promover a saciedade e auxiliar no controle glicêmico, possui uma consequência direta: aumenta a probabilidade de ocorrência do refluxo gastroesofágico, a condição em que o conteúdo do estômago retorna para o esôfago.

É aqui que a conexão com a halitose começa a se formar. O material refluído não é apenas ácido; ele carrega consigo partículas de alimentos não digeridos e gases. Ao atingir a faringe e a cavidade oral, ele altera drasticamente o ambiente químico da boca.

Imagine a sua boca como um ecossistema delicado, com um equilíbrio de pH e uma flora bacteriana específica. O refluxo ácido perturba esse equilíbrio, criando um ambiente mais ácido que é ideal para a proliferação de certas bactérias anaeróbicas, as verdadeiras vilãs do mau hálito.

Essas bactérias se alimentam de resíduos de proteínas (presentes na saliva, células mortas e restos alimentares) e, como subproduto de seu metabolismo, liberam os chamados Compostos Sulfurados Voláteis. São estas moléculas de enxofre que causam o odor característico da halitose.

Para agravar o quadro, muitos pacientes em uso destas medicações relatam também a boca seca (xerostomia) como efeito colateral. A saliva é a nossa maior protetora contra a halitose, pois ajuda a limpar a boca e a neutralizar os ácidos. Com menos saliva, as bactérias e os Compostos Sulfurados Voláteis se concentram, intensificando o odor.

Frente a um quadro de halitose persistente, especialmente em um paciente que faz uso de novas terapias para o peso, o papel do otorrinolaringologista é fundamental. Somos os especialistas capazes de avaliar todo o trato aerodigestivo superior, desde a cavidade nasal até a laringe, para identificar os sinais do refluxo que muitas vezes não são óbvios.

O diagnóstico inicia-se com uma anamnese detalhada, seguida por um exame físico completo da boca e da garganta. A nasofibrolaringoscopia, um exame endoscópico com uma microcâmera de alta definição, permite-nos visualizar diretamente a laringe e a faringe em busca de sinais clássicos de refluxo laringofaríngeo, como edema e vermelhidão.

É crucial entender que a abordagem deve ser multidisciplinar. O diálogo com o endocrinologista que prescreveu a medicação é essencial, assim como, em alguns casos, a avaliação de um gastroenterologista e de um dentista para garantir que todas as possíveis causas de halitose sejam investigadas.

O objetivo do nosso tratamento não é, na maioria dos casos, a interrupção de uma terapia de controle de peso bem-sucedida. Pelo contrário, o foco é gerenciar e mitigar os efeitos colaterais, permitindo que o paciente continue sua jornada de saúde com conforto e confiança.

Na Clínica Oto One, compreendemos a complexidade destes quadros e a necessidade de uma visão integrada. Nosso atendimento é humanizado e personalizado, focado em oferecer um acolhimento que permita ao paciente expor suas queixas com segurança e confiança. Com excelência técnica, buscamos a raiz do problema, oferecendo consultas presenciais em São Paulo ou a conveniência da telemedicina.

Portanto, o mau hálito que surge neste contexto não deve ser visto como um problema menor ou puramente de higiene. Ele é uma manifestação extraesofágica do refluxo, um sinal clínico de que o seu sistema digestivo está se adaptando a uma nova realidade fisiológica.

Se você está em uma jornada de transformação com o auxílio de novas medicações para o peso, mas se vê constrangido por um hálito que não melhora, não se sinta desestimulado. Este é um efeito colateral controlável.

Ignorar este sintoma pode permitir que o refluxo crônico cause outras complicações, como inflamações na laringe (laringite crônica), pigarro, tosse e desgaste do esmalte dentário.

Se você se identifica com esta situação, o passo mais importante é buscar uma avaliação especializada para obter um diagnóstico preciso e um plano de manejo integrado. Isso pode incluir desde orientações dietéticas e de estilo de vida até tratamentos específicos para controlar o refluxo e melhorar a saúde oral.

Cuidar deste sintoma é zelar pela sua saúde de forma completa, garantindo que sua jornada de bem-estar seja plena, saudável e livre de quaisquer constrangimentos.


Perguntas e Respostas Frequentes

1. Por que medicamentos como Wegovy e Mounjaro podem piorar o refluxo?

Eles retardam o esvaziamento do estômago. Um estômago que permanece cheio por mais tempo aumenta a pressão interna e a chance de o conteúdo ácido retornar para o esôfago.

2. A halitose causada por refluxo é diferente do mau hálito comum?

Sim. Geralmente, é um odor mais sulfuroso ou "azedo" e tende a ser mais persistente, pois sua origem é interna e contínua, não sendo facilmente resolvida apenas com a escovação dos dentes.

3. Preciso parar de tomar meu remédio para emagrecer se ele me causa refluxo e halitose?

Não necessariamente. O ideal é procurar um manejo integrado com seu endocrinologista e um otorrinolaringologista. Existem estratégias para controlar o refluxo e a halitose sem interromper um tratamento que está sendo eficaz para sua saúde geral.

4. O que posso fazer em casa para ajudar a controlar este sintoma?

Evitar deitar-se logo após as refeições, elevar a cabeceira da cama, reduzir o consumo de alimentos gordurosos, cafeína e bebidas gaseificadas, e manter uma hidratação excelente para combater a boca seca são medidas iniciais que podem ajudar.

5. Como um otorrinolaringologista diagnostica que a halitose é por refluxo?

Através da história clínica detalhada e de um exame chamado nasofibrolaringoscopia, que permite ver sinais de inflamação ácida na garganta e na laringe, característicos do refluxo laringofaríngeo (ou refluxo "silencioso").

6. Além do ácido, o que mais no refluxo pode causar o mau hálito?

Gases estomacais e partículas de alimentos parcialmente digeridos que refluem para a boca podem ser fermentados por bactérias orais, contribuindo para a produção dos compostos de mau odor.

7. Devo procurar um dentista ou um otorrino para este problema?

Ambos são importantes. O dentista descartará causas primárias orais (cáries, doença periodontal). Se a saúde bucal estiver em ordem, o otorrinolaringologista é o especialista indicado para investigar causas relacionadas ao refluxo, nariz e garganta.

8. O refluxo que causa halitose pode também afetar minha voz?

Sim. O refluxo que atinge a laringe (refluxo laringofaríngeo) é uma das principais causas de rouquidão, pigarro crônico e tosse, pois inflama diretamente as cordas vocais.

9. Existem tratamentos específicos para a halitose causada por refluxo?

Sim. O tratamento foca em controlar a causa: o refluxo. Isso pode envolver mudanças na dieta, medicamentos que reduzem a acidez do estômago (como os "prazóis") ou que ajudam na motilidade digestiva, além de cuidados para a saúde oral.

10. Qual é o primeiro passo para uma avaliação na Clínica Oto One?

O primeiro passo é agendar uma consulta para uma anamnese completa e um exame endoscópico. A partir daí, poderemos entender a origem do problema e traçar um plano de tratamento multidisciplinar e personalizado para você.

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Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE: 34828)

Fone e WhatsApp: (11) 91013-5122 | (11) 99949-7016

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Robert6
Robert6
12 de nov.

Fui diagnosticada com doença de Parkinson há quatro anos. Por mais de dois anos, dependi da levodopa e de vários outros medicamentos, mas, infelizmente, os sintomas continuaram piorando. Os tremores se tornaram mais perceptíveis e meu equilíbrio e mobilidade começaram a declinar rapidamente. No ano passado, por desespero e esperança, decidi experimentar um programa de tratamento à base de ervas da NaturePath Herbal Clinic.Sinceramente, eu estava cética no início, mas, poucos meses após o início do tratamento, comecei a notar mudanças reais. Meus movimentos ficaram mais suaves, os tremores diminuíram e me senti mais firme ao caminhar. Incrivelmente, também recuperei grande parte da minha energia e confiança. Tem sido uma experiência transformadora. Me sinto mais eu mesma novamente, melhor do…

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