Dor nos Seios da Face: Sinusite, Enxaqueca ou Desvio de Septo? Descubra a Real Causa do seu Desconforto
- Bruno Rossini
- há 3 dias
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É extremamente comum receber em meu consultório pacientes exaustos, que convivem há anos com uma sensação de pressão na face, "peso" na cabeça e congestão nasal. Quase invariavelmente, essas pessoas chegam com um autodiagnóstico pronto ou previamente estabelecido: "Doutor, eu tenho sinusite crônica". Elas relatam ciclos intermináveis de antibióticos e corticoides que oferecem apenas alívio temporário, mas o problema sempre retorna.
No entanto, a medicina moderna e a otorrinolaringologia de precisão nos mostram um cenário diferente. Estudos indicam que cerca de 50% dos pacientes diagnosticados com infecção sinusal apresentam, na verdade, exames de endoscopia e tomografia computadorizada (TC) absolutamente normais. Isso nos leva a uma reflexão crucial: se os seios da face estão limpos, de onde vem a dor?
A resposta reside, muitas vezes, em um equívoco de nomenclatura e diagnóstico. Revisões clínicas apontam que até 80% das queixas populares de "dor de cabeça sinusal" atendem, na realidade, aos critérios diagnósticos para enxaqueca (migrânea). O termo "cefaleia sinusal" sequer possui um código específico na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o que gera confusão tanto para pacientes quanto para profissionais não especialistas.
Para compreendermos melhor, precisamos dividir as dores em dois grupos: a cefaleia rinogênica, que é atribuída a uma sinusite verdadeira (com presença de pus, pólipos ou inflamação aguda), e a cefaleia não rinogênica, que engloba a enxaqueca e a cefaleia tensional. A diferenciação entre elas é o primeiro passo para o sucesso do tratamento.
A enxaqueca é uma "camaleoa". Ela pode mimetizar com perfeição uma crise de sinusite. Isso ocorre porque o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face, possui reflexos parassimpáticos que, durante uma crise de enxaqueca, podem causar congestão nasal e coriza. O paciente sente o nariz trancar e a face doer, mas a causa é neurológica, não infecciosa.

Uma distinção fundamental está na sintomatologia associada. Enquanto a sinusite verdadeira apresenta obstrução mecânica clara e drenagem purulenta, a enxaqueca costuma vir acompanhada de fotofobia (sensibilidade à luz), náuseas (ou inapetência), piora com mudanças climáticas (pressão barométrica) e, em mulheres, uma relação estreita com o ciclo menstrual.
Além da enxaqueca e da sinusite, existe uma terceira causa anatômica frequentemente negligenciada: a cefaleia por contato septal. Trata-se de uma dor de cabeça desencadeada por desvios de septo nasal específicos, onde uma espora óssea ou cartilaginosa comprime a mucosa da parede lateral do nariz ou dos cornetos.
Essa área é ricamente inervada. A compressão constante ponto a ponto gera um estímulo doloroso crônico que pode irradiar para a órbita, para a testa ou para a maxila, simulando uma sinusite. Nesses casos, o paciente não tem infecção, mas tem uma alteração estrutural que funciona como um "gatilho" mecânico para a dor, exigindo uma avaliação minuciosa.
A endoscopia nasal é, portanto, uma ferramenta insubstituível. Em pacientes com enxaqueca, o exame é frequentemente normal, mesmo que a queixa seja de "nariz trancado". Já na cefaleia por contato, conseguimos visualizar o ponto exato da compressão. Sem esse olhar refinado, o paciente continua tratando uma infecção que não existe.
Na Clínica Oto One, compreendemos que cada paciente é único. Nosso diferencial reside em unir a excelência técnica a um atendimento humanizado, acolhedor e totalmente personalizado. Entendemos a angústia de quem sente dor crônica e, por isso, oferecemos uma investigação detalhada, seja em consultas presenciais ou on-line, garantindo que você seja ouvido e tratado com a dignidade e a precisão que merece.
A tomografia computadorizada também desempenha um papel vital, mas requer interpretação cautelosa. Achados incidentais, como um leve espessamento mucoso, são comuns e nem sempre são a causa da dor. Por outro lado, a tomografia pode revelar mucoceles — cistos de retenção de muco — que, se grandes ou infectados, podem causar pressão local significativa e necessitar de drenagem cirúrgica.
O tratamento, uma vez estabelecido o diagnóstico correto, muda radicalmente. Se estamos diante de uma enxaqueca ou cefaleia não rinogênica, o foco sai dos antibióticos e vai para a redução da hipersensibilidade do sistema nervoso. Isso envolve uma abordagem integrativa e mudanças de estilo de vida fundamentais.
A nutrição e a glicemia são pilares desse tratamento. O jejum prolongado é um gatilho poderoso para a dor de cabeça. Recomendamos que o paciente se alimente em intervalos regulares para evitar a hipoglicemia. Da mesma forma, a hidratação adequada e o monitoramento do consumo de cafeína são essenciais.
A qualidade do sono e o manejo do estresse não podem ser ignorados. Um sono não reparador diminui o limiar de dor, tornando o paciente mais suscetível às crises. Além disso, no mundo moderno, as pausas visuais são necessárias: afastar-se das telas regularmente ajuda a reduzir a hiperestimulação visual que alimenta a enxaqueca.
No campo da suplementação, evidências científicas robustas apoiam o uso de Magnésio (glicinato ou treonato), Vitamina B2 (Riboflavina) e Coenzima Q10 como suporte neurológico preventivo. Esses nutrientes auxiliam na estabilização da membrana neuronal, prevenindo a deflagração da dor. O uso deve ser contínuo, geralmente levando de 2 a 3 meses para atingir o efeito pleno.
Para casos de enxaqueca confirmada, os triptanos podem ser usados não apenas como tratamento, mas como teste diagnóstico: se a dor cessa com a medicação, a hipótese de enxaqueca se fortalece. Já para casos crônicos e refratários, a aplicação de Botox em pontos específicos (corrugadores, temporais) tem se mostrado uma excelente opção terapêutica.
Não podemos esquecer da conexão com a articulação temporomandibular (ATM) e a região cervical. Dores nessas áreas frequentemente coexistem com a enxaqueca devido à inervação compartilhada. Terapias complementares como acupuntura e o uso de bolsas térmicas também podem oferecer alívio sintomático importante.
Em suma, se você sofre com "sinusites" que nunca curam, é provável que seu diagnóstico precise ser revisto. Pode ser uma enxaqueca mimetizando uma sinusite, ou um desvio de septo comprimindo estruturas nobres do seu nariz. Insistir no tratamento errado não apenas prolonga o sofrimento, mas expõe seu corpo a medicações desnecessárias.
Como médico otorrinolaringologista com duas décadas de dedicação, meu objetivo é encontrar a raiz do problema para devolver sua qualidade de vida. Não aceite a dor crônica como algo normal.
Convido você a agendar uma avaliação especializada comigo. Vamos investigar a fundo, diferenciar se sua dor é rinogênica, estrutural ou neurológica, e traçar um plano de tratamento assertivo e exclusivo para você.
Perguntas e Respostas (FAQ)
1. O que é "cefaleia sinusal" e por que os médicos evitam esse termo?
O termo "cefaleia sinusal" é popular, mas impreciso. Não existe um código médico específico para ele. Na maioria das vezes (até 80%), o que o paciente chama de dor sinusal é, na verdade, uma enxaqueca com sintomas nasais, e não uma infecção.
2. Como posso diferenciar uma crise de sinusite de uma enxaqueca?
A sinusite verdadeira geralmente apresenta pus (secreção amarelada/esverdeada) e obstrução nasal clara. A enxaqueca, além da dor facial, costuma vir acompanhada de sensibilidade à luz (fotofobia), náuseas e piora com mudanças no clima ou ciclo menstrual.
3. Um desvio de septo pode causar dor de cabeça mesmo sem sinusite?
Sim. É a chamada cefaleia por contato septal. Ocorre quando o desvio do septo comprime a mucosa da parede lateral do nariz ou os cornetos, estimulando nervos e causando dor crônica, mesmo sem infecção.
4. Meus exames de tomografia e endoscopia deram normais, mas sinto dor na face. O que pode ser?
Exames normais em pacientes com dor facial são um forte indicativo de cefaleia não rinogênica (como enxaqueca ou cefaleia tensional). Isso significa que a anatomia está saudável e a dor tem origem neurológica.
5. Por que sinto o nariz entupir quando tenho enxaqueca?
Isso ocorre devido a um reflexo do sistema nervoso autônomo ligado ao nervo trigêmeo. Durante a enxaqueca, esse reflexo pode fazer os tecidos nasais incharem e produzirem coriza, simulando uma sinusite.
6. Antibióticos curam a dor de cabeça sinusal?
Se a causa for uma infecção bacteriana (sinusite), sim. Porém, se a causa for enxaqueca, o antibiótico pode dar uma falsa sensação de alívio por seu leve efeito anti-inflamatório, mas a dor voltará, pois a causa não foi tratada.
7. Quais suplementos podem ajudar a prevenir essas dores de cabeça?
Evidências científicas apoiam o uso de Magnésio (glicinato ou treonato), Vitamina B2 (Riboflavina) e Coenzima Q10 como auxiliares na prevenção, estabilizando a função neuronal.
8. O jejum pode piorar minha dor de cabeça?
Sim. A hipoglicemia causada pelo jejum prolongado é um gatilho comum tanto para enxaqueca quanto para dores de cabeça tensionais. Manter uma alimentação regular é parte do tratamento.
9. A cirurgia de desvio de septo resolve a dor de cabeça?
Se o diagnóstico for cefaleia por contato septal (compressão mecânica), a cirurgia costuma ser muito eficaz. Se a causa for enxaqueca, a cirurgia nasal isolada pode não resolver a dor. Por isso, o diagnóstico diferencial é vital.
10. Como a Clínica Oto One pode me ajudar com esse problema?
Oferecemos uma avaliação detalhada (presencial ou on-line) para diferenciar sinusite, enxaqueca e causas estruturais. Com atendimento humanizado e exames precisos, evitamos tratamentos desnecessários e focamos na causa real da sua dor.

Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)
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Clinica Oto One- São Paulo
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