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Meu Filho Vive Doente Depois da Escolinha: O Que é Normal e Quando se Preocupar?

  • Foto do escritor: Bruno Rossini
    Bruno Rossini
  • 25 de set.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 28 de set.


Existe um rito de passagem na vida de muitas famílias, um misto de alegria e apreensão, que é o primeiro ano da criança na escola. A alegria de vê-los socializar e aprender é imensa, mas, em pouco tempo, essa felicidade passa a ser intercalada por uma rotina exaustiva e preocupante: a de infecções respiratórias que parecem não ter fim. O nariz que escorre, a tosse que não cessa, as noites mal dormidas e as visitas frequentes ao pediatra.

Para muitos pais, esse ciclo gera uma angústia profunda, acompanhada de uma pergunta inevitável: "O que estou fazendo de errado? A imunidade do meu filho é muito baixa?". Quero começar este nosso diálogo com uma afirmação tranquilizadora: na grande maioria das vezes, o que está acontecendo é um processo perfeitamente normal e, mais do que isso, necessário para o amadurecimento das defesas do seu filho.

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Este artigo é um convite para olharmos juntos para esse fenômeno. O meu objetivo como médico otorrinolaringologista é ser um guia para vocês, pais, ajudando a diferenciar o que é esperado no desenvolvimento da "memória imunológica" do seu filho e quais são os sinais de alerta que indicam a necessidade de uma investigação mais aprofundada para que possamos garantir uma infância mais saudável e com menos interrupções.

Para entender por que a entrada na escola inaugura essa maratona de doenças, precisamos considerar dois fatores que criam uma verdadeira "tempestade perfeita". O primeiro é o sistema imunológico da criança, que é imaturo e está em pleno treinamento. Ele ainda não teve contato com a vasta gama de vírus e bactérias que circulam no mundo.

O segundo fator é o ambiente escolar em si. A escolinha ou o berçário é um paraíso viral. Crianças pequenas têm contato físico muito próximo, compartilham brinquedos que vão à boca, tossem e espirram sem a etiqueta dos adultos, e ainda estão aprendendo a lavar as mãos corretamente. É um cenário ideal para a transmissão de microrganismos.

Diante disso, qual é o número de infecções considerado "normal"? Aqui, a ciência nos traz um dado que costuma surpreender e aliviar os pais. De acordo com as principais sociedades de pediatria, é esperado que uma criança em idade pré-escolar, frequentando uma creche ou escolinha, tenha de seis a doze quadros infecciosos de vias aéreas superiores por ano.

Essas infecções virais "normais" geralmente duram de sete a dez dias, são autolimitadas, a criança se recupera completamente entre um episódio e outro, e os sintomas são os clássicos: coriza, tosse, obstrução nasal e, por vezes, febre baixa. É um processo cansativo, sim, mas que faz parte da construção de um sistema imune robusto para o resto da vida.

Então, quando essa normalidade cruza a linha e se torna um problema que merece a atenção de um especialista? Existem alguns sinais de alerta, ou "bandeiras vermelhas", que nos indicam que algo além do simples contato com novos germes pode estar acontecendo.

Devemos nos preocupar quando as infecções são excessivamente frequentes, por exemplo, mais de um quadro por mês, todos os meses; quando são muito graves, necessitando de internações hospitalares; ou quando a criança não melhora completamente entre um episódio e outro, emendando uma doença na outra.

Outro ponto de atenção crucial é a evolução dessas infecções. Um resfriado comum que, repetidamente, evolui para complicações como otites médias agudas (infecções de ouvido), sinusites bacterianas ou até mesmo pneumonias, é um sinal de que pode existir um fator facilitador para essas infecções secundárias.

O impacto na qualidade de vida da criança e da família também é um termômetro importante. A dificuldade para ganhar peso, a necessidade de usar múltiplos ciclos de antibióticos em um curto período e o alto número de faltas escolares são indicativos de que a situação precisa ser investigada mais a fundo.

Quando uma criança entra nesse ciclo de infecções de repetição com complicações, como otorrinolaringologista, meu trabalho é investigar se existe algum fator anatômico ou inflamatório crônico que esteja "preparando o terreno" para que essas infecções se instalem com tanta facilidade.

As duas causas mais comuns que encontro no consultório são a hipertrofia de adenoide e amígdalas. Quando a adenoide (a "carne esponjosa" no fundo do nariz) e as amígdalas são muito grandes, elas não apenas causam obstrução mecânica, forçando a respiração pela boca, mas também funcionam como um reservatório para vírus e bactérias, dificultando a drenagem de secreções e perpetuando o estado inflamatório.

Paralelamente, uma rinite alérgica não controlada também é um fator de grande importância. A mucosa nasal que vive inflamada pela alergia tem suas defesas locais comprometidas, tornando-se muito mais suscetível a infecções virais e bacterianas secundárias. É uma porta de entrada que está cronicamente enfraquecida.

O diagnóstico preciso é o primeiro passo para quebrar esse ciclo. A consulta se inicia com uma escuta atenta de toda a história da criança. Em seguida, um exame indolor e rápido, realizado no consultório com o auxílio dos pais, chamado endoscopia nasal flexível, nos permite visualizar com clareza o tamanho da adenoide, o aspecto da mucosa e os sinais de inflamação.

Com o diagnóstico em mãos, traçamos um plano de tratamento. Em muitos casos, o controle clínico da rinite alérgica e o uso de medicamentos para diminuir a inflamação já trazem uma melhora espetacular. Em outros, quando a causa é a obstrução mecânica pela adenoide e amígdalas, a cirurgia (adenoamigdalectomia) pode ser o caminho para uma solução definitiva.

Lidar com a saúde de um filho exige mais do que conhecimento técnico; exige uma parceria de confiança entre o médico e a família. Na Clínica Oto One, nosso foco está em um atendimento humanizado e personalizado, onde cada família é acolhida com excelência para que possamos entender o contexto e a história da criança. Acreditamos que a tranquilidade dos pais é parte fundamental do tratamento, e estamos aqui para oferecer esse suporte, seja em consultas presenciais em São Paulo ou on-line.

É perfeitamente normal que o primeiro ano escolar do seu filho seja desafiador do ponto de vista da saúde. Na maioria das vezes, o tempo e a paciência são os melhores remédios, enquanto o sistema imunológico dele faz o seu trabalho de amadurecimento.

Contudo, confie na sua intuição de pai e mãe. Vocês são os maiores observadores da saúde do seu filho. Se algo parece excessivo, se o sofrimento da criança é constante e a qualidade de vida da família está sendo severamente impactada, não hesite em procurar uma avaliação especializada.

Se o ciclo de doenças do seu filho parece não ter fim, impedindo-o de aproveitar a infância em sua plenitude, talvez seja a hora de uma investigação aprofundada. Agende uma consulta para que possamos avaliar o caso dele, encontrar o diagnóstico correto e traçar o melhor caminho para uma infância mais saudável, com mais dias na escola e menos idas ao médico.


Perguntas e Respostas Frequentes:


  1. Suplementos de vitamina podem aumentar a imunidade do meu filho?

    Embora uma nutrição balanceada seja fundamental, não há evidências científicas robustas de que megadoses de vitaminas previnam resfriados em crianças saudáveis. A suplementação só é indicada se houver uma deficiência comprovada.

  2. A cirurgia de adenoide e amígdalas não vai baixar ainda mais a imunidade dele? Não. A partir dos 2-3 anos, a adenoide e as amígdalas têm um papel imunológico secundário. Quando estão cronicamente inflamadas ou excessivamente grandes, elas se tornam mais um problema do que uma solução. A remoção, nesses casos, melhora a saúde geral da criança.

  3. O que é a lavagem nasal e por que ela é tão importante?

    A lavagem nasal com soro fisiológico em alto volume é uma das medidas mais eficazes para a prevenção. Ela remove mecanicamente vírus, bactérias, alérgenos e secreções, mantendo o nariz limpo e funcional.

  4. Meu filho respira pela boca. Isso pode ser a causa das infecções?

    Sim. A respiração bucal crônica, geralmente causada por adenoide grande ou rinite, "pula" a etapa de filtragem e aquecimento do ar feita pelo nariz, levando mais impurezas diretamente para a garganta e os pulmões.

  5. A partir de quantas otites (infecções de ouvido) por ano devo me preocupar?

    O critério clássico para otite de repetição é a ocorrência de 3 episódios em 6 meses, ou 4 episódios em 1 ano.

  6. O uso frequente de antibióticos é prejudicial?

    Os antibióticos são essenciais para tratar infecções bacterianas, mas seu uso excessivo e indiscriminado pode levar à resistência bacteriana e alterar a microbiota intestinal. O ideal é atuar na causa das infecções para reduzir a necessidade deles.

  7. Meu filho pode ter alguma imunodeficiência primária?

    Imunodeficiências primárias são doenças raras. Os sinais de alerta incluem infecções muito graves (que exigem internação), infecções por germes incomuns e falta de ganho de peso e estatura. Na dúvida, uma avaliação com um imunologista pediátrico é indicada.

  8. Existe uma idade mínima para a cirurgia de adenoide?

    Não há uma idade mínima absoluta. A cirurgia é indicada com base na gravidade dos sintomas (principalmente apneia do sono e infecções de repetição), independentemente da idade.

  9. A natação pode piorar as infecções de repetição?

    Se a criança não tiver uma perfuração no tímpano, a natação em si não causa infecções de ouvido ou garganta. Em crianças com rinite alérgica, o cloro pode ser um irritante, mas isso pode ser manejado.

  10. Em quanto tempo meu filho melhora após a cirurgia de adenoide e amígdalas?

    A recuperação inicial leva cerca de 10 a 14 dias. A melhora na respiração e no sono é quase imediata. A redução na frequência das infecções é percebida ao longo dos meses seguintes e costuma ser drástica.

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Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)


1 comentário


Robert6
Robert6
12 de nov.

Fui diagnosticada com doença de Parkinson há quatro anos. Por mais de dois anos, dependi da levodopa e de vários outros medicamentos, mas, infelizmente, os sintomas continuaram piorando. Os tremores se tornaram mais perceptíveis e meu equilíbrio e mobilidade começaram a declinar rapidamente. No ano passado, por desespero e esperança, decidi experimentar um programa de tratamento à base de ervas da NaturePath Herbal Clinic.Sinceramente, eu estava cética no início, mas, poucos meses após o início do tratamento, comecei a notar mudanças reais. Meus movimentos ficaram mais suaves, os tremores diminuíram e me senti mais firme ao caminhar. Incrivelmente, também recuperei grande parte da minha energia e confiança. Tem sido uma experiência transformadora. Me sinto mais eu mesma novamente, melhor do…

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