Uso de Corticoide Sistêmico em Infecções de Vias Aéreas Superiores: Quando Utilizar e Quais os Riscos do Uso Indiscriminado?
- Bruno Rossini
- há 4 dias
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A Importância do Uso Racional de Corticoides nas Infecções Respiratórias
As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são extremamente comuns e, muitas vezes, autolimitadas. No entanto, o uso indiscriminado de corticoides sistêmicos no tratamento dessas infecções tem se tornado uma preocupação crescente na prática médica. Embora os corticoides possam ser eficazes em determinadas situações, seu uso inadequado pode levar a efeitos adversos significativos. Neste artigo, abordaremos quando o uso de corticoides sistêmicos é indicado nas IVAS e os riscos associados ao seu uso indiscriminado.
O Que São Corticoides e Como Agem no Organismo?
Os corticoides são hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais e desempenham um papel crucial na regulação de processos inflamatórios e imunológicos. Na prática clínica, os corticoides sintéticos são utilizados para suprimir respostas inflamatórias exacerbadas, sendo eficazes no controle de sintomas em diversas condições, incluindo doenças autoimunes, alergias e inflamações agudas.
No contexto das IVAS, os corticoides podem reduzir o edema da mucosa nasal, melhorar a drenagem dos seios paranasais e aliviar sintomas como dor e congestão. No entanto, seu uso deve ser cuidadosamente avaliado, pois a supressão do sistema imunológico pode comprometer a capacidade do organismo de combater infecções.
Indicações Apropriadas para o Uso de Corticoides Sistêmicos nas IVAS
O uso de corticoides sistêmicos nas IVAS deve ser reservado para casos específicos, onde os benefícios superam os riscos. As principais indicações incluem:
Sinusite Aguda Grave: Em casos de sinusite aguda com sintomas intensos e refratários ao tratamento convencional, os corticoides sistêmicos podem ser utilizados para reduzir a inflamação e melhorar a drenagem sinusal.
Rinite Alérgica Exacerbada: Pacientes com rinite alérgica que apresentam exacerbações severas podem se beneficiar do uso de corticoides sistêmicos por curto período, visando o controle rápido dos sintomas.
Asma Associada às IVAS: Em pacientes asmáticos, as IVAS podem desencadear crises. Nesses casos, os corticoides sistêmicos podem ser indicados para controlar a inflamação brônquica e prevenir complicações.
É fundamental que a decisão pelo uso de corticoides sistêmicos seja baseada em uma avaliação clínica criteriosa, considerando a gravidade dos sintomas, a presença de comorbidades e a resposta a tratamentos anteriores.

Riscos Associados ao Uso Indiscriminado de Corticoides Sistêmicos
O uso indiscriminado de corticoides sistêmicos pode levar a uma série de efeitos adversos, alguns dos quais podem ser graves e de longo prazo. Entre os principais riscos, destacam-se:
Supressão do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal: O uso prolongado de corticoides pode inibir a produção endógena de cortisol, levando à insuficiência adrenal.
Osteoporose: A terapia prolongada com corticoides está associada à redução da densidade mineral óssea, aumentando o risco de fraturas.
Hiperglicemia e Diabetes Mellitus: Os corticoides podem elevar os níveis de glicose no sangue, contribuindo para o desenvolvimento de diabetes, especialmente em pacientes predispostos.
Hipertensão Arterial: O uso de corticoides pode causar retenção de sódio e água, levando ao aumento da pressão arterial.
Alterações Psiquiátricas: Insônia, alterações de humor, ansiedade e, em casos extremos, psicose, podem ocorrer com o uso de corticoides.
Aumento do Risco de Infecções: A imunossupressão induzida pelos corticoides pode tornar o organismo mais suscetível a infecções oportunistas.
Esses riscos reforçam a necessidade de um uso criterioso e supervisionado dos corticoides sistêmicos, evitando a automedicação e o uso prolongado sem acompanhamento médico.
Alternativas ao Uso de Corticoides Sistêmicos nas IVAS
Em muitos casos, as IVAS podem ser tratadas eficazmente sem a necessidade de corticoides sistêmicos. As alternativas incluem:
Corticoides Tópicos Nasais: São eficazes no controle de sintomas de rinite alérgica e sinusite leve a moderada, com menor risco de efeitos sistêmicos.
Analgésicos e Antipiréticos: Medicamentos como paracetamol e ibuprofeno podem ser utilizados para aliviar dor e febre.
Descongestionantes Nasais: Podem proporcionar alívio temporário da congestão nasal, mas seu uso deve ser limitado a curto prazo para evitar efeitos rebote.
Hidratação e Umidificação do Ar: Manter-se hidratado e utilizar umidificadores pode ajudar a aliviar os sintomas das IVAS.
Lavagem Nasal com Soro Fisiológico: Auxilia na remoção de secreções e alérgenos, melhorando a respiração nasal.
Essas abordagens conservadoras são geralmente suficientes para o manejo das IVAS e apresentam menor risco de efeitos adversos.
A Importância da Avaliação Médica Individualizada
Cada paciente é único. Por isso, a indicação do uso de corticoides sistêmicos deve sempre ser feita com base em uma avaliação médica detalhada. Sintomas semelhantes podem ter causas distintas, e o que funciona para um paciente pode não ser o ideal para outro. Uma sinusite viral leve, por exemplo, tende a melhorar com cuidados simples, sem a necessidade de medicamentos mais agressivos. Já um paciente com histórico de asma ou alergias severas pode se beneficiar do uso pontual e controlado de corticoides. O papel do médico otorrinolaringologista é justamente esse: identificar as causas e recomendar a melhor conduta terapêutica para cada caso, com segurança e responsabilidade.
O Perigo da Automedicação com Corticoides
É alarmante o número de pacientes que recorrem à automedicação ao primeiro sinal de desconforto nas vias aéreas. Os corticoides, em especial, são muitas vezes utilizados sem orientação médica, o que representa um grande risco à saúde. Além dos efeitos adversos já citados, a automedicação pode mascarar sintomas importantes, retardando o diagnóstico correto de doenças potencialmente graves. É fundamental que a população compreenda que, embora acessíveis, esses medicamentos não são inofensivos. Corticoides só devem ser usados com prescrição e acompanhamento médico. Promover essa conscientização é um dos pilares de uma medicina mais segura e eficaz.
Diferenciais da Clínica Oto One de Otorrinolaringologia
A Clínica Oto One orgulha-se de oferecer um atendimento humanizado, personalizado e de excelência. Com uma estrutura acolhedora e profissionais experientes, priorizamos o bem-estar de cada paciente desde o primeiro contato. Nossos atendimentos podem ser presenciais, na cidade de São Paulo, ou realizados de forma on-line, com a mesma qualidade e atenção aos detalhes. Acreditamos que a escuta atenta e a empatia são essenciais para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Por isso, construímos uma relação de confiança e respeito com nossos pacientes, com foco em resultados sustentáveis e no cuidado integral da saúde.
Casos Clínicos em Que o Corticoide Foi Um Aliado Valioso
É importante destacar que, em situações específicas, o uso de corticoides sistêmicos pode ser um divisor de águas no tratamento. Em quadros de sinusite aguda severa, com dor facial intensa e congestão resistente, o uso criterioso do corticoide pode proporcionar alívio significativo em poucas horas. Da mesma forma, em pacientes com rinossinusite crônica com pólipos nasais, os corticoides podem reduzir o volume dos pólipos e melhorar a respiração. Em crianças com laringite aguda, a administração controlada de corticoide pode prevenir o fechamento das vias aéreas, sendo muitas vezes um procedimento salvador. Nestes casos, a expertise médica faz toda a diferença entre um uso benéfico e um uso prejudicial.
Atualizações Científicas e Diretrizes de Sociedades Médicas
As principais sociedades médicas do Brasil e do mundo, como a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), a American Academy of Otolaryngology e instituições renomadas como Mayo Clinic e Harvard Medical School, reforçam que o uso de corticoides sistêmicos deve ser sempre avaliado com cautela. Diretrizes clínicas atualizadas orientam que, em infecções de vias aéreas superiores sem sinais de gravidade, a conduta expectante e o suporte clínico são as melhores estratégias. Esses documentos são baseados em estudos rigorosos, muitos deles publicados em revistas científicas indexadas no PUBMED, e ajudam a nortear a conduta médica com base nas melhores evidências disponíveis.
Impacto do Uso Prolongado de Corticoides na Qualidade de Vida
O uso contínuo e sem controle de corticoides pode impactar negativamente a qualidade de vida do paciente. Muitas vezes, sintomas como ganho de peso, insônia, irritabilidade e enfraquecimento ósseo passam despercebidos em um primeiro momento, mas ao longo do tempo tornam-se mais evidentes e limitantes. Pacientes que fazem uso crônico dessas medicações, especialmente sem acompanhamento especializado, podem desenvolver doenças metabólicas, distúrbios psiquiátricos e até complicações infecciosas graves. A longo prazo, esses efeitos colaterais comprometem não apenas a saúde física, mas também a saúde emocional, o convívio social e a produtividade. Por isso, reforçamos: corticoides só devem ser prescritos por especialistas, com acompanhamento próximo e individualizado.
Cuidados Pós-Uso de Corticoides: Recuperando o Equilíbrio do Organismo
Após o uso de corticoides sistêmicos, é fundamental adotar medidas que auxiliem na recuperação do equilíbrio hormonal e imunológico do corpo. Em alguns casos, o médico pode orientar a descontinuação gradual da medicação, justamente para permitir que as glândulas suprarrenais retomem a produção natural de cortisol. Além disso, é importante manter uma alimentação rica em nutrientes, hidratação adequada, prática de atividade física moderada e controle de fatores emocionais como estresse e ansiedade. Acompanhamentos periódicos com exames laboratoriais podem ser indicados, especialmente em pacientes que utilizaram a medicação por mais de sete dias. O objetivo é sempre garantir a segurança do paciente e prevenir complicações tardias.
Educação em Saúde: Um Pilar do Cuidado Otorrinolaringológico
Na Clínica Oto One, acreditamos que informação de qualidade é a base de decisões mais conscientes. Por isso, investimos continuamente em ações de educação em saúde, seja através de nossas consultas, de conteúdos publicados em nosso blog ou nas redes sociais. Orientar o paciente sobre os riscos e benefícios de cada tratamento é uma das formas mais eficazes de promover o uso racional de medicamentos, como os corticoides. Quando o paciente entende os motivos de uma recomendação médica, ele se torna um parceiro ativo do tratamento, contribuindo para resultados mais duradouros e seguros. A educação em saúde empodera, protege e previne.
Responsabilidade Médica e Ética no Prescrever
Como médico otorrinolaringologista com duas décadas de atuação, posso afirmar que prescrever medicamentos exige não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade e ética. Corticoides são ferramentas poderosas, que podem melhorar ou piorar o estado de saúde de um paciente, dependendo da forma como são utilizados. A decisão de prescrever envolve uma análise cuidadosa dos riscos e benefícios, sempre levando em consideração o contexto clínico, os desejos do paciente e as evidências científicas mais recentes. Prescrever com responsabilidade é um dever que assumimos com seriedade e que nos guia em todas as condutas adotadas na nossa clínica.
Conclusão: Escolha Certa, no Momento Certo, com o Profissional Certo
O uso de corticoides sistêmicos nas infecções de vias aéreas superiores deve ser pautado por critérios clínicos bem estabelecidos. Embora sejam medicamentos eficazes em muitos contextos, seu uso indiscriminado pode trazer consequências graves e irreversíveis. Por isso, é essencial que qualquer tratamento seja prescrito por um especialista capacitado, que avalie o quadro de forma abrangente e personalizada. Se você ou alguém próximo apresenta sintomas persistentes nas vias respiratórias, agende uma consulta na Clínica Oto One. Estamos aqui para cuidar de você com excelência, respeito e acolhimento.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Corticoides sistêmicos curam infecções nas vias aéreas superiores?
Não. Eles aliviam sintomas inflamatórios, mas não eliminam a causa da infecção, especialmente se for viral ou bacteriana.
2. Posso usar corticoide sistêmico por conta própria?
Não. O uso sem prescrição médica pode trazer riscos graves à saúde.
3. Corticoides sempre ajudam na sinusite?Apenas em casos graves ou com complicações. Na maioria dos casos leves, não são necessários.
4. Qual a diferença entre corticoide sistêmico e nasal?
O sistêmico age em todo o corpo, enquanto o nasal tem ação localizada, com menos efeitos colaterais.
5. Crianças podem usar corticoides?Sim, mas somente sob supervisão médica e em situações muito específicas.
6. O corticoide pode causar dependência?
Não causa dependência química, mas o organismo pode ficar "acostumado", exigindo cuidados na retirada.
7. Quanto tempo posso usar corticoides com segurança?
Depende da dose e da indicação, mas em geral, o uso deve ser o mais breve possível.
8. Posso usar corticoide para gripe comum?
Geralmente, não é indicado para gripes simples.
9. Quais os principais efeitos colaterais do uso prolongado?
Osteoporose, diabetes, hipertensão, problemas hormonais, entre outros.
10. É possível tratar IVAS sem corticoides?
Sim. A maioria dos casos melhora com medidas simples como hidratação, repouso e medicamentos leves.

Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)
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