Desvendando a Síndrome da Boca Ardente: 20 Perguntas e Respostas
- Bruno Rossini
- há 1 dia
- 5 min de leitura
Prezados pacientes e amigos,
Sou o Dr. Bruno Rossini. Ao longo dos meus 20 anos como médico otorrinolaringologista, tenho me dedicado a desvendar condições complexas que afetam a qualidade de vida. Uma das mais intrigantes e, muitas vezes, incompreendidas, é a Síndrome da Boca Ardente (SBA).
Imagine sentir um ardor constante na língua, como se tivesse ingerido algo muito quente — mas a sensação nunca passa. Este desconforto oral crônico, também conhecido como estomatodinia ou glossodínia, é real, aflitivo e merece uma investigação minuciosa.
Muitos que sofrem com essa condição peregrinam por diversos consultórios sem obter respostas. Meu objetivo aqui é lançar uma luz sobre este tema, oferecendo informações claras e um caminho para o alívio. Se você se identifica com essa jornada, saiba que existe esperança e conhecimento especializado para ajudá-lo.
A seguir, preparei 20 respostas para as perguntas mais frequentes que ouço em minha prática clínica na Clínica Oto One, em São Paulo.
Desvendando a Síndrome da Boca Ardente: 20 Perguntas e Respostas
1. Dr. Rossini, o que é, precisamente, a Síndrome da Boca Ardente?
É uma condição médica caracterizada por uma sensação de queimação ou ardor na boca, que ocorre sem uma causa aparente ou lesão visível. É um diagnóstico de exclusão, o que significa que primeiro precisamos descartar todas as outras possíveis causas para os seus sintomas.
2. Como os pacientes descrevem essa sensação?
A descrição mais comum é um ardor na língua sem causa aparente, semelhante a uma queimadura por café quente. Contudo, a sensação pode variar, sendo descrita também como formigamento, picadas, amargor ou um gosto metálico persistente.
3. O ardor se limita apenas à língua?
Embora a língua seja a área mais comumente afetada (daí o termo glossodínia), o desconforto pode se estender ao céu da boca (palato), gengivas, interior das bochechas e lábios. Alguns pacientes sentem a boca inteira afetada.
4. Ouvi falar em tipos "primário" e "secundário". Qual a diferença?
A SBA primária é aquela em que nenhuma causa subjacente, seja clínica ou laboratorial, é encontrada. Aqui, o problema parece ser um "alarme falso" do sistema nervoso, uma disfunção nos nervos que transmitem dor e paladar. A SBA secundária, por outro lado, é um sintoma de outra condição, como uma deficiência nutricional ou uma doença sistêmica.
5. Quais são as causas fisiológicas mais comuns da SBA secundária?
As causas são variadas. Podem incluir alterações hormonais (especialmente na perimenopausa), diabetes não controlado, refluxo gastroesofágico, alergias a produtos odontológicos ou alimentos, e a síndrome da boca seca (xerostomia), que frequentemente acompanha o quadro.
6. Deficiências nutricionais podem realmente provocar essa queimação?
Sem dúvida. A carência de nutrientes essenciais do complexo B (B1, B2, B6, B9, B12), além de minerais como zinco e ferro, pode manifestar-se como um profundo desconforto oral. Uma análise criteriosa é fundamental para identificar e corrigir essas deficiências.
7. Qual a conexão entre ansiedade, estresse e a boca ardente?
A conexão é profunda e bidirecional. O estresse crônico e a ansiedade podem alterar a percepção da dor e até mesmo a composição da saliva, funcionando como gatilhos. Por outro lado, conviver com uma dor crônica e sem diagnóstico claro é, por si só, uma fonte imensa de ansiedade, criando um ciclo vicioso.
8. Quem corre mais risco de desenvolver esta síndrome?
O perfil mais clássico é de mulheres na fase de perimenopausa ou pós-menopausa, geralmente acima dos 50 anos. Acredita-se que a flutuação dos níveis de estrogênio desempenhe um papel na proteção dos neurônios sensoriais da boca.
9. E quanto a outros fatores, como doenças ou hábitos?
Sim, comorbidades como doenças da tireoide, condições autoimunes (como a Síndrome de Sjögren) e doenças neurológicas (como a doença de Parkinson) são fatores de risco. Hábitos como o bruxismo (ranger dos dentes) ou o uso excessivo de enxaguantes bucais abrasivos também podem contribuir.
10. Como o senhor diferencia a boca ardente da candidíase oral ("sapinho")?
Esta é uma distinção crucial. A diferença entre boca ardente e candidíase oral é que a candidíase, uma infecção fúngica, geralmente apresenta sinais visíveis, como placas brancas ou áreas avermelhadas e inflamadas. Na SBA primária, a mucosa oral tem uma aparência perfeitamente normal, apesar da dor intensa. Um exame clínico detalhado e, se necessário, uma cultura, esclarecem o diagnóstico.
11. Como é o processo de diagnóstico na sua clínica?
O diagnóstico é uma investigação detalhada. Começa com uma longa conversa para compreender seu histórico, sintomas e jornada. Segue-se um exame físico minucioso da cabeça, pescoço e cavidade oral. Frequentemente, solicito exames de sangue para checar deficiências nutricionais, marcadores inflamatórios e função hormonal, além de exames para medir o fluxo salivar.
12. Por que um otorrinolaringologista é o especialista indicado?
O otorrinolaringologista tem uma visão integral das complexas estruturas da cabeça e pescoço. Somos treinados para avaliar desde as glândulas salivares e a mucosa oral até as vias neurossensoriais e as condições nasais que podem levar à respiração oral, um fator que agrava a secura e o ardor.
13. Existe uma cura definitiva? Como é o tratamento da sensação de queimação na boca?
Para a SBA secundária, tratar a causa base (corrigir uma deficiência de vitamina, por exemplo) pode levar à cura completa. Para a SBA primária, falamos em controle e melhora significativa da qualidade de vida. O tratamento é personalizado e, muitas vezes, multidisciplinar.
14. Que tipos de medicamentos podem ser prescritos?
A abordagem farmacológica é feita sob medida. Podemos usar medicamentos que modulam a percepção da dor em nível neurológico (em doses baixas), terapias de reposição hormonal quando indicado, medicamentos para estimular a salivação ou até mesmo enxaguantes e géis tópicos com efeito anestésico para alívio sintomático. Além disso, podemos indicar a reposição de vitaminas e sais minerais.
15. Além dos remédios, que outras terapias podem ajudar?
Terapias complementares são muito bem-vindas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), por exemplo, é extremamente eficaz para ajudar o paciente a gerenciar a dor crônica e quebrar o ciclo da ansiedade. Técnicas de relaxamento, como ioga e meditação, também apresentam excelentes resultados.
16. O que posso fazer em casa para aliviar a boca seca e ardente?
Pequenos hábitos fazem uma grande diferença. Mantenha-se hidratado, bebendo pequenos goles de água fria ao longo do dia. Evite enxaguantes com álcool. Mascar gomas sem açúcar ou chupar pedrinhas de gelo pode estimular a saliva e proporcionar alívio temporário.
17. Há alimentos ou bebidas que devo evitar?
Sim. Recomendo evitar alimentos muito ácidos (cítricos, tomate), picantes, excessivamente salgados e bebidas carbonatadas ou cafeinadas, pois podem agravar a sensação de ardor em uma mucosa já sensibilizada. O álcool e o tabaco também devem ser abolidos.
18. Quanto tempo leva para sentir uma melhora? A síndrome pode desaparecer sozinha?
O prognóstico é variável. Com um tratamento direcionado, muitos pacientes começam a sentir alívio em algumas semanas a meses. A remissão espontânea é rara, mas pode ocorrer. Em alguns casos, a gestão dos sintomas é um processo contínuo. A persistência e um acompanhamento próximo são a chave.
19. Eu moro em São Paulo. Por que é importante buscar um especialista na cidade?
A Síndrome da Boca Ardente é uma condição de alta complexidade. Buscar um especialista em boca ardente em São Paulo significa ter acesso a recursos diagnósticos avançados e a uma rede de profissionais (neurologistas, endocrinologistas, psicólogos) com quem podemos colaborar. Com técnicas avançadas e uma abordagem multidisciplinar, ajudamos a identificar a raiz do problema.
20. Qual sua mensagem final para quem sofre com este problema?
Minha mensagem é de validação e esperança. Sua dor é real e você não precisa sofrer em silêncio. A jornada para o diagnóstico pode ser frustrante, mas com a orientação correta, é possível restaurar seu bem-estar. Se você já consultou outros profissionais sem solução, agende uma avaliação personalizada na Clínica Oto One. Estamos preparados para ouvir sua história e empregar toda nossa experiência para devolver o conforto à sua vida.
Dr. Bruno Rossini
Médico Otorrinolaringologista
CRM-SP 115.697 | RQE 34.828
Para agendar sua avaliação:
WhatsApp: (11) 91013-5122
Instagram: @brunorossini.otorrino
Clínica Oto One – São Paulo
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