A Importância da Prevenção do Câncer de Laringe
- livia almeida
- há 11 minutos
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A história do ator Luis Gustavo, eternizado como Odorico Paraguaçu em "O Bem-Amado" e o Seu Váva, de”Sai de Baixo” , tocou o coração do Brasil. Sua partida, em decorrência de um câncer de laringe, foi mais do que a perda de um grande artista; foi um alerta solene sobre uma doença que pode ser prevenida e tratada com sucesso quando diagnosticada precocemente.

O câncer de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço no Brasil, representando uma parcela significativa dos diagnósticos oncológicos no país. Dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) reforçam a importância do alerta: milhares de novos casos são estimados a cada ano, com uma incidência muito maior em homens, embora o número em mulheres venha crescendo.
O que é exatamente o Câncer de Laringe?
A laringe é o órgão localizado na garganta, responsável pela produção da voz (abriga as pregas vocais), além de atuar como uma válvula que protege os pulmões durante a deglutição. O câncer de laringe caracteriza-se pelo crescimento desordenado de células malignas nessa região, podendo levar à perda da função vocal e, em estágios avançados, comprometer a respiração.
Os principais fatores de risco são bem conhecidos e, em grande parte, evitáveis. O tabagismo é o maior vilão, responsável por cerca de 90% dos casos, conforme apontam estudos consolidados no PubMed. O consumo excessivo de álcool potencializa enormemente o risco do fumo. A exposição ocupacional a produtos como amianto, poeira de madeira e níquel também é um fator relevante.
Sinais de Alerta que Não Podem Ser Ignorados
O corpo envia sinais. Ouví-los e agir rapidamente é a chave para um prognóstico positivo. Os sintomas iniciais do câncer laríngeo podem ser sutis e frequentemente confundidos com uma simples rouquidão persistente. É crucial estar atento a:
Rouquidão persistente.
Dor ou dificuldade para engolir (disfagia).
Sensação de "caroço" ou corpo estranho na garganta.
Dor de ouvido referida (otorreia).
Dificuldade para respirar (dispneia).
Tosse persistente e, em alguns casos, tosse com sangue.
A rouquidão prolongada é o sintoma mais precoce e importante. Um artigo de revisão da Faculdade de Medicina da USP destaca que a investigação otorrinolaringológica imediata diante desse sintoma é fundamental para um diagnóstico na fase inicial.
As Consequências do Tratamento: Boca Seca, Alterações no Paladar e Halitose
Os tratamentos para o câncer de laringe, como a radioterapia e a quimioterapia, são frequentemente bem-sucedidos no controle da doença. No entanto, eles podem causar efeitos colaterais significativos que impactam profundamente a qualidade de vida. A radioterapia na região da cabeça e pescoço frequentemente lesa as glândulas salivares.
Isso leva à xerostomia, popularmente conhecida como boca seca. A saliva é essencial para a digestão, proteção contra cáries e saúde da mucosa oral. Sua falta causa grande desconforto, dificuldade para falar e engolir, e predispõe a feridas na boca. Além disso, é comum ocorrerem alterações ou mesmo a perda do paladar (disgeusia) e o desenvolvimento de halitose.
Manejar esses efeitos é uma parte crucial do cuidado integral do paciente. Estratégias como o uso de saliva artificial, medicamentos que estimulam a salivação, e uma rigorosa higiene oral são pilares do tratamento de suporte, conforme protocolos da Stanford Cancer Institute.
O Diagnóstico Precoce Salva Vozes e Vidas
O diagnóstico começa no consultório do otorrinolaringologista com um exame simples, indolor e extremamente eficaz: a videolaringoscopia. Com um fino endoscópio flexível, visualizamos as pregas vocais e toda a laringe em tempo real, em alta definição, permitindo identificar qualquer lesão suspeita.
Caso seja encontrada uma área anômala, uma biópsia é realizada para análise anatomopatológica, confirmando ou afastando o diagnóstico de malignidade. Exames de imagem, como a tomografia computadorizada, ajudam a estadiar a doença, ou seja, a determinar sua extensão.
Abordagens de Tratamento: Da Preservação à Reabilitação
O tratamento é sempre individualizado, decidido por uma equipe multidisciplinar. Para tumores iniciais, tanto a cirurgia (incluindo técnicas minimamente invasivas por laser) quanto a radioterapia oferecem altas taxas de cura, com excelente preservação da voz.
Nos casos mais avançados, pode ser necessária uma laringectomia total (remoção completa da laringe). Mesmo nessa situação, a vida continua. Existem diversas técnicas de reabilitação vocal, como a voz esofágica e a laringe eletrônica, que permitem ao paciente se comunicar novamente. A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia possui materiais de apoio fundamentais para esses pacientes.
Prevenção: A Estratégia Mais Poderosa
A melhor notícia sobre o câncer de laringe é que ele é amplamente evitável. A medida mais eficaz é não fumar. Evitar o consumo excessivo de álcool também é um pilar fundamental. Uma dieta rica em frutas, verduras e legumes, associada a um estilo de vida saudável, confere proteção adicional.
Por que Escolher a Clínica Oto One para o seu Cuidado?
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Cuide da Sua Voz
A voz é nossa identidade, nosso instrumento de comunicação e, para muitos, como Luis Gustavo, é também a essência de sua profissão. Não a negligencie. Uma rouquidão que insiste em permanecer não é um detalhe; é um sinal que exige investigação.
Investir na sua saúde otorrinolaringológica é um ato de cuidado consigo mesmo. Um simples exame pode proporcionar a tranquilidade de um diagnóstico precoce ou a chance de intervir a tempo em uma condição que pode ser tratada com sucesso.
Não espere que o sinal se torne um alarme. Agende uma consulta e permita-nos cuidar de você com a seriedade, o respeito e a expertise que sua saúde merece.
Perguntas Frequentes sobre Câncer de Laringe
1. Rouquidão sempre significa câncer de laringe?
Não. A rouquidão é um sintoma comum de várias condições. No entanto, uma rouquidão que persiste deve ser investigada por um otorrinolaringologista para afastar a possibilidade de uma lesão mais grave.
2. É possível ter câncer de laringe sem fumar?
Sim, embora seja menos comum. O álcool é um fator de risco independente, e a associação dos dois multiplica o risco. Outros fatores incluem infecção pelo HPV (papilomavírus humano) e predisposição genética.
3. Como é o tratamento da boca seca pós-radioterapia?
O manejo da xerostomia inclui o uso de saliva artificial, hidratação constante, medicamentos como a pilocarpina (sob prescrição) e o estímulo da salivação com gomas de mascar sem açúcar. A Clínica Mayo tem protocolos robustos para esse cuidado de suporte.
4. A perda do paladar é permanente após o tratamento?
Em muitos casos, o paladar pode voltar a melhorar meses após o término da radioterapia, mas algumas alterações podem ser permanentes. A terapia fonoaudiológica pode ajudar na reeducação do paladar.
5. O câncer de laringe tem alto índice de cura?
Sim, quando diagnosticado em estágios iniciais, as taxas de cura podem superar 90%. Isso reforça a importância extrema do diagnóstico precoce.
6. Com que frequência devo me consultar com um otorrinolaringologista?
Para pessoas sem fatores de risco, uma consulta de rotina a cada 1-2 anos é razoável. Para fumantes, ex-fumantes e pessoas com histórico de consumo de álcool, avaliações anuais são altamente recomendadas.
7. O HPV pode causar câncer de laringe?
Sim. O HPV é um fator de risco emergente para um subtipo de câncer de orofaringe (amígdalas e base da língua) que pode ter apresentação semelhante. A vacinação contra o HPV é uma forma de prevenção.
8. O que posso fazer para prevenir o câncer de laringe?
A tríade da prevenção é: não fumar, consumir álcool com moderação e manter uma dieta saudável. Proteger-se de agentes químicos no trabalho e manter uma boa higiene vocal também são medidas importantes.

Dr. Bruno Rossini (CRM-SP 115697; RQE:34828)
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Clínica Oto One - São Paulo
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